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27 de abril de 2008

Ceres cobra da prefeitura mais de R$ 600 mil de iluminação pública em Penedo

Segundo cooperativa a dívida existe desde 1997
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A Ceres, a cooperativa de eletrificação que atende localidades como Penedo, em Itatiaia, entregou a última conta de luz para cerca de 3.500 cooperados com uma cópia do ofício 016/08, que demonstra a dívida que a Prefeitura de Itatiaia teria com a empresa, de R$ 607.475,64, sem correção. De acordo com o presidente Walter Borges Carreiro, que assina o documento, também protocolado na prefeitura, a dívida existe desde o início de 1997, e só do atual governo, de Jair Alexandre Gonçalves (PSDB), o débito é de R$ 221.665,40. A dívida deixada pelo ex-prefeito Almir Dumay Lima (PMDB), segundo a Ceres, é de R$ 385.810,24, e poderá dobrar com a correção.
O secretário municipal de finanças, Samuel da Silva Grijó, respondeu, pela assessoria de comunicação, que "em relação às dívidas até 2004 não temos o que falar, pois a mesma é oriunda do governo anterior”, e que antes de pagar a conta do atual governo precisa receber da Ceres o repasse da cobrança da iluminação pública “entre janeiro de 2005 e julho de 2006”, e também quer o desconto do valor da energia usada pelas associações de moradores, que está sendo cobrada da prefeitura. O presidente Carreiro acha que a prefeitura está “sem controle de nada” ao questionar tais valores, e garante que nunca existiu cobrança para o governo das contas das associações de moradores, e que só não foram feitos os repasses da iluminação pública de “fevereiro e março deste ano”.
– Esse repasse é de mais ou menos R$ 38 mil, e decidimos deduzir esse valor do débito da prefeitura, e além do mais o governo também não tem repassado à Ceres os cinco por cento que deveria nos pagar pela cobrança que fazemos da iluminação pública nas contas de luz – disse Carreiro.
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A cópia do ofício anexado às contas de luz da Ceres
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O maior montante da dívida calculada e divulgada pela Ceres – e que a prefeitura não soube informar valores –, é de iluminação pública, que custou cerca de R$ 496 mil dos R$ 607 mil informados. Nas contas de luz os consumidores residenciais pagam, para iluminação pública, entre isento até 5,19 % do total de consumo, e os do comércio entre 1,3 % até 6,49 %.
De acordo com o presidente da Ceres, a dívida deixada pelo ex-prefeito Almir Dumay Lima era um pouco maior da divulgada agora, e, algum tempo depois de assumir o governo, Jair Alexandre mandou pagar “cerca de R$ 100 mil” dessa dívida, mas depois deixou acumular de novo, até chegar aos atuais R$ 221 mil do atual mandato – “a dívida não é do prefeito Jair ou do prefeito Almir, mas sim da prefeitura”, diz Carreiro, que não aceita a afirmação de Grijó de que não tem que falar da dívida do governo anterior. A Ceres incluiu no total do débito cobrado, além da iluminação pública e do repasse dos cinco por cento pelo serviço de cobrança nas contas de luz, o custo da energia usada nas obras e eventos patrocinados pela prefeitura, na compra de materiais para troca de lâmpadas nos postes de iluminação pública, e também da energia utilizada pelos prédios públicos, como escolas e postos de saúde. A prefeitura não informou se abriu processo judicial contra o ex-prefeito Almir Dumay por causa dessas dívidas, mas Carreiro garantiu que a Ceres entrou na Justiça, “há mais ou menos três anos”, para tentar receber o débito da prefeitura, que continua crescendo. Grijó, consultado novamente, mandou dizer que não iria comentar mais nada sobre o assunto.
O presidente da Ceres garantiu que não pretende cortar a luz dos postes públicos de Penedo se a dívida não for paga, como está se comentando na cidade: “isso não existe, nunca disse isso, e só depois de uma reportagem recente, meio sensacionalista, é que começaram a comentar isso, que não vou fazer, mesmo porque só prejudicaria os próprios cooperados”, disse ele, explicando ainda que seu comportamento pessoal é de “boa política” e que não “quer brigar com a prefeitura, mesmo porque não se briga com quem nos deve; a gente ajuda, para poder receber”.
A Ceres é uma cooperativa fundada há quase 38 anos por alguns fazendeiros, com o apoio do prefeito da época, Aarão Soares da Rocha, com o objetivo de levar energia elétrica para suas fazendas, que não recebiam eletricidade, apesar do início de funcionamento da hidrelétrica do Funil, inaugurada um pouco antes em Itatiaia. No site a empresa lembra que só em 1972 a luz chegou a um hotel em Penedo, que antes eram iluminados por lampiões a querosene e gás. No início foram atendidas apenas as fazendas mais próximas das cidades, depois a atuação da empresa foi ampliada, e hoje abrange sete locais, nos municípios de Resende e Itatiaia e em pequenos trechos dos estados de Minas e de São Paulo, como Penedo, Serrinha do Alambari, Capelinha, Rio Preto, Riachuelo, Boca do Leão, Água Branca e Ponte dos Arcos. O faturamento da Ceres gira hoje em torno dos R$ 500 mil mensais, segundo seu presidente, e o local com mais consumidores é Penedo, que atende a quase todo, e que tem apenas uma pequena área administrada pela Ampla. No ofício com a cobrança, a Ceres lembrou ao prefeito que “Penedo, como pólo turístico, está diretamente ligado com o sucesso de sua administração”.
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O ofício da Ceres cobrando a dívida da prefeitura surpreendeu muitas pessoas no meio político, já que um dos pretendentes à vaga de vice-prefeito na chapa para a reeleição do prefeito Jair Alexandre Gonçalves era justamente o presidente da empresa, Walter Borges Carreiro (foto), que está filiado ao PRB, legenda que se formou no município com os dissidentes do PMDB, que deixaram o partido por não aceitarem a tentativa de retorno do ex-prefeito Almir Dumay Lima, e que conta hoje com vários ex-vereadores e ex-secretários municipais de governo, que se desincompatibilizaram há pouco da prefeitura para cumprir normas eleitorais. Carreiro garante que não é mais candidato a vice-prefeitura, e que não quer nem mais pensar em política. Diz que gostaria de continuar filiado ao PRB, mas se quiserem afastá-lo também não se importa mais. Conta que depois de trabalhar 30 anos na Companhia Siderúrgica de Volta Redonda, está na Ceres há 17 anos, sendo o presidente desde 2005, e que sua vida tem sido de dedicação à empresa – “a dívida da prefeitura é mais do que o faturamento mensal da Ceres, e precisamos desse dinheiro para poder atender bem os cooperados, e se o Jair mandasse pagar pelo menos a conta do governo dele, já ficaria satisfeito”, diz.
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