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9 de julho de 2008

Ofra tem eleição e nova diretoria promete mudanças e mais organização

Em Itatiaia não é só na campanha eleitoral pela Prefeitura ou pela Câmara que candidatos buscam votos e poder utilizando todos os recursos possíveis. Também dentro de uma instituição filantrópica, onde menos se esperava troca de farpas entre concorrentes, e muito menos artimanhas para se chegar à presidência, aconteceu uma disputa semelhante às mais acirradas campanhas políticas. O vencedor foi um jovem de apenas 21 anos, Lucas Porfírio Amorim, que nos próximos quatro anos irá presidir a Ofra – Organização Fraterna para Promoção Humana –, uma entidade sem fins lucrativos, fundada há quase três décadas, cuja base deveria ser a participação de voluntários com espírito social e, principalmente, fraterno. O pivô da disputa parece ter sido uma rádio comunitária, mantida pela entidade e a única no município a ganhar recentemente autorização de funcionamento do Ministério das Comunicações.
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O ex-presidente Adriano dos Santos, e o atual, Lucas Amorim
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Desde pouco antes da votação os ânimos já estavam um pouco alterados, pois Lucas deixou para a última hora a inscrição da sua chapa, e como surpresa, chegou à Ofra acompanhado por muitos amigos, entre eles vários ex-alunos de informática e de outros cursos da instituição, e também de um advogado, Adalberto Luiz Bisol, que pouco depois confessaria assessorar o jovem há cerca de um ano e meio. O objetivo era claro: Lucas seria o novo presidente, e se valeria de uma brecha no estatuto, que permite que qualquer cidadão vote na eleição do quadro diretor, mesmo aqueles que pouco ou nenhum contato têm com a entidade. Os amigos do jovem eram mais numerosos do que o de seu concorrente, Adriano José dos Santos, que presidiu a Ofra nos últimos 15 anos, e que estava acompanhado pela fundadora Ana Alvarenga e poucos outros diretores e voluntários que trabalham nos projetos sociais.
Lucas demonstrou, o tempo todo, nervosismo e pressa para chegar à votação, e acabou comandando o pleito. Seu interesse, explicou depois, era tirar da Ofra uma diretoria ineficiente e que quase nunca estava presente, ao contrário dele, que convivia com a instituição desde os 10 anos de idade, sendo seu vice-secretário nos últimos seis anos. Garantiu ainda que foi ele que trabalhou para conseguir autorização para a rádio comunitária, e eram dele os equipamentos, fora o transmissor, que permitiam manter a emissora funcionando. Contou que um desentendimento com o ex-presidente fez com que se afastasse e levasse tudo o que era seu, o que fez com que a rádio ficasse fora do ar por vários dias. Adriano confirmou a história, acrescentando que Lucas teria deletado, inclusive, todos os programas de computador que permitiam a busca e arquivo das músicas.
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Os novos diretores da Ofra: Lucas, Patrícia Sant´Ana, Herbert Oliveira, Neusa Saúde, Ieda Vieira, Tania Siqueira e Carlos Costa
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Lucas disse que era impossível encontrar algum diretor na Ofra, e que a maioria só retornou quando ficou confirmada a autorização da rádio. Ele também questionou, durante a eleição, a simplicidade dos balanços financeiros apresentados, que citaram apenas o valor total dos débitos, e perguntou por um equipamento de som que constava da relação de patrimônio e ele não sabia onde estava. Lucas também corrigiu a ex-tesoureira quando ela citou uma doação como sendo de pessoa física, e que ele garantiu ser de pessoa jurídica, pois teria sido o portador do cheque, e também questionou o porquê de só parte dos voluntários ter recebido o convite para a eleição.
Adriano dos Santos disse que tinha sido “ingênuo, por acreditar que dentro da Ofra havia união e fraternidade”, confessou que nem sempre estava presente, por causa de suas atribuições no Sindicato dos Professores, e que o equipamento de som estava em sua casa, pois era usado em campanhas ambulantes, e só ele emprestava o carro para a Ofra. O ex-presidente considerou uma “falta de ética” o comportamento de Lucas, de ter arregimentado um grupo de amigos sem seu conhecimento, e explicou que a brecha no estatuto foi exigência do Ministério das Comunicações para a autorização da rádio, pois a instituição teria que ser aberta a toda a comunidade, e não apenas aos cadastrados.

Ana Alvarenga fez uma oração com cânticos "para que o Espírito Santo possa abençoar as decisões dessa assembléia"
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4 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente com o prof. Adriano, como ele mesmo disse "não há nada de fraterno e humano". Alerto que é proibido comercial na rádio, sempre defendido pelo ex-presidente. Agora a rádio comercial disfarçada vai aparecer. Aliás, as propagandas de supermercados, cabeleireiros e venda de ingressos vão ficar mais evidentes. Olha que não tem nada de apoio cultural e social.
Rogo para as pessoas de idade, que muito lutaram, que não deixem desvirtuar a razão de ser da "Ofra".

Anônimo disse...

Bom... Queríamos agradecer o jornalista Rui Camejo pela sua presença em nossa assembléia e parabenizá-lo pelo blog.
Quanto ao sr. Sander Anderson, não entendemos como sabe o que é a "...razão de ser da Ofra", sendo que ele nunca sequer doou nada, e nunca participou da Ofra em nenhum aspecto antes. Aprenda a abordar assunto que o sr. domine ou conheça! As únicas coisas disfarçadas são suas palavras, que fingem saber de alguma coisa, como por exemplo, que o ex-presidente nunca foi contra apoios culturais. A Ofra e a rádio estarão sempre abertas para qualquer cidadão de Itatiaia conhecer, e para não acreditarem em palavras de pessoas que, apesar de serem pais de família, não se dotam do mínimo de credibilidade e que sequer sabem o significado real de Ofra Pró-Humana.

Anônimo disse...

Se a Ofra é "pró humana", realmente não sei, mas com certeza não aparenta ser, quando uma pessoa está há mais de um ano se articulando, e inclusive consultando advogado, com o intuito de se tornar "comandante". Se posso crer na reportagem que li, parabenizada inclusive pelo próprio Lucas, este deixou para apresentar sua candidatura nos momentos finais, demonstrando claramente não agir de forma transparente e idônea, chegando ao local cercado de amigos, pois se dependesse dos votos dos que ali já se achavam presentes, provavelmente não seria eleito. Devo até parabenizá-lo, pois essa jogada foi digna – se é que posso colocar assim – de um grande político.

Anônimo disse...

Olá Rui. Mais uma vez parabéns pelo blog. Itatiaia precisava de um espaço como esse.

Estamos muito chocados com o que aconteceu na Assembléia da Ofra, pois se tornou a página mais triste nesses 29 anos de história. Não por que havia duas chapas, mas pela forma como as coisas aconteceram. Nem mesmo nossos adversários políticos se atreveram a "tomar" a Ofra, excluindo pessoas que sempre estiveram presentes em suas mais diferentes lutas para ajudar a construir uma sociedade socialmente igualitária e culturalmente plural. Gostaria de fazer alguns esclarecimentos quanto a sua reportagem:

1) Eu fiz parte da outra chapa como um dos coordenadores dos projetos desenvolvidos pela Ofra, mais especificamente a Rádio Comunitária, e não em algum cargo da diretoria executiva.

2) Oficialmente eu estava no cargo de diretor geral, "presidente há 15 anos" como está na reportagem. O estatuto estabelece um mandato de quatro anos com possibilidade de reeleição por uma única vez. Infelizmente ao final do segundo mandato não havia quem quisesse ou pudesse assumir esse cargo. Lembro que insisti para que a Ieda, atual presidente, aceitasse. Assim, insistiram para que eu continuasse, mesmo sabendo das limitações estatutárias. Entendemos que as "leis de um estatuto não devem estar acima das pessoas". Lembro também que há mais ou menos dois anos pedi para que houvesse uma nova eleição, mas novamente pediram para que eu permanecesse "para que não atrapalhasse o processo de concessão da rádio". O meu afastamento da direção da Ofra foi decidido após decisão do grupo, pois concluímos que seria melhor que eu priorizasse o Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) em Itatiaia, que estava iniciando, Resende e no Rio. Essa decisão coincide com o encerramento dos projetos desenvolvidos na época: a Alfabetização de Jovens e Adultos e Reforço Escolar. Nesses 3 anos de "afastamento", sempre que houve necessidade, quando surgiam problemas (especialmente para atender as exigências para a autorização da rádio) eu ajudei. Fiquei feliz ao saber que outros projetos ganharam força, como a reciclagem e a informática e a parceria com o Ministério Público. Nunca apareci para "tirar proveito" para entregar cestas básicas ou sequer assinar um certificado de conclusão de curso de informática ou coisa parecida. Do jeito que falam, parece que utilizei dos mesmos recursos, essa política rebaixada que utilizaram na assembléia.

3) O Lucas ajudou muito no processo burocrático para a concessão da rádio, atitude que sempre elogiei. Porém não se pode dizer que "foi ele que conseguiu a autorização". Essa é uma conquista de outras pessoas também. Essa luta para termos uma rádio comunitária começou há uns treze anos, quando eu e a Ana Alvarenga visitamos uma rádio comunitária em Nova Iguaçu. Após três anos dessa visita, dei entrada na documentação no Ministério das Comunicações no Rio de Janeiro. Ele começou a ajudar nesse processo de quatro anos para cá, ou seja, muito caminho já havia sido percorrido. Nesse período pensamos em abrir a rádio, mas decidimos que isso poderia atrapalhar o processo de concessão e desistimos dessa idéia. Restou então cuidarmos das questões burocráticas e foram inúmeras vezes em que estive presente para ajudar a resolvê-las.

4) Ao criticar a ex-diretoria como "ineficiente" deveriam reconhecer que também faziam parte dessa diretoria. É lamentável que queiram nos responsabilizar pelos problemas enquanto se apropriam das conquistas.

5) Não é verdade que a maioria dos aparelhos fosse do Lucas. Consegui com a direção do Sepe-Itatiaia, da qual faço parte, o empréstimo de R$ 2.450,00 para a compra dos equipamentos. Eram poucas coisas que eram dele, mas o suficiente para deixar a rádio fora do ar por algumas horas e não durante "vários dias". Não satisfeito em retirá-los, ao constatar que coloquei a rádio no ar, voltou para apagar todos os programas e músicas do computador, além de desabilitar a internet e todos os e-mails. Com ajuda de algumas pessoas, a colocamos no ar após algumas horas. Ainda conseguimos fazer muitas melhorias, como comprar uma mesa de som com 8 entradas tipo cannon, fabricar uma mesa para as novas instalações, utilização de microfone profissional, entre outras melhorias. Tudo isso possibilitou uma melhoria significativa da qualidade do som.

6) É interessante que eles me façam cobrança da prestação de contas. Nesse período em que estive afastado continuei a assinar os cheques em confiança não somente à Tânia Costa, enquanto tesoureira, mas ao restante da diretoria, como o Lucas e a Ieda. Em várias atas há informações dos recursos utilizados. Sempre fui informado do que estava sendo gasto. Nós da Ofra, nos orgulhamos de que nesses anos compramos a sede, um terreno na Vila Esperança, computadores, iniciamos as obras da sede definitiva, etc. Resultado do trabalho e esforço de muitas pessoas, mantendo a independência em relação a qualquer governo e interesses eleitorais. Principalmente nos orgulhamos de investir no crescimento das pessoas em diversos projetos e movimentos sociais desenvolvidos.

7) O fato de somente alguns sócios terem recebido o convite explica-se pelo fato de não termos um controle mais organizado das pessoas que colaboram ou colaboraram com a Ofra. E pelo fato de que aqueles que nos criticam "saíram da Ofra" e por isso não ajudaram.

8) A brecha no estatuto está no fato de que não há regulamentação para as eleições da diretoria, mas está claro de quem está apto a votar são os sócios.

Quando essas pessoas resolveram sair da Ofra, não pedimos que assinassem um documento ou entregassem as chaves, até por que o Lucas disse que precisaria pegar seus pertences e informar as pessoas que fariam o curso de informática. No domingo, no dia após a assembléia, liguei e desliguei a rádio. Na segunda-feira havia um novo cadeado no armário da rádio. Questionei o motivo disso e por que não ligariam a rádio. Ficou acertado de que a rádio seria ligada na parte da tarde. Na terça-feira trocaram o cadeado, agora do portão de entrada e a rádio só foi ligada na quinta-feira.

Independente de qual chapa tenha "ganho a eleição", o fato é que foi a Ofra que saiu perdendo.

Lembrando que o convite para que você faça parte da programação da rádio continua firme.

Um abraço sincero e fraternal.