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Nascida em Tampere, na Finlândia, em 1916, Eila Ampula veio para o Brasil com 13 anos, no grupo pioneiro de Toivo Uuskallio, que fundou a colônia de Penedo, em Itatiaia. As visões do novo país, cujo intenso colorido contrastava tanto com os tons cinzentos da paisagem escandinava, causaram forte impressão na adolescente, que não sabia entretanto, como manifestá-la.
O casamento e os anos difíceis que os colonos finlandeses tiveram que enfrentar no Penedo nos anos 30 e 40 não deram a ela muitas oportunidades de expressar sua sensibilidade artística. Só por volta dos anos 50 é que Eila, evocando a alegria que encontrava nos desenhos de infância, começou a pintar a óleo, incentivada pelos amigos.
Em poucos anos seu trabalho ganhou admiradores, de forma que a partir de 1958 Eila passou a dedicar-se integralmente à pintura, realizando algumas exposições individuais. Inquieta, e em busca de materiais diferentes, chegou a usar placas de concreto, sob as quais aplicava relevo de cimento, concluindo pela aplicação de tinta. Mas sentia que ainda não tinha encontrado o caminho.
Foi nos anos 60 que, buscando novamente inspiração na infância, redescobriu o tear manual usado pelos finlandeses na confecção dos grossos agasalhos de inverno. Em 1964 encomendou o primeiro tear e iniciou suas experiências. Estudando materiais e aperfeiçoando a técnica, a artista foi encontrando ao mesmo tempo uma afinidade cada vez maior com temas brasileiros, embora sua galeria permanente em Penedo revele trabalhos com motivos os mais variados. Mas são a selva, com seus bichos e plantas, os índios, pescadores, caboclos e todos o tipos que se enquadrem numa expectativa de intenso colorido, os preferidos da artista e do público.
A originalidade e beleza das tapeçarias de Eila tiveram reconhecimento quase imediato, e já em 1965 ela fazia uma exposição dos primeiros trabalhos, na Casa da Suíça, no Rio. No ano seguinte foram quatro exposições, duas coletivas – no Ibeu e no Salão de Artes Religiosas de Londrina, no Paraná, onde recebeu menção especial – e duas individuais – na Usis, em Salvador, e na Igreja dos Marinheiros Escandinavos, no Rio.
Em 1967 o número de exposições sobre para cinco, sendo quatro individuais – na Embaixada Americana no Rio, na Universidade do Ceará, na Domus arquitetura e interiores, do Rio e outra em Vitória – e uma coletiva no Museu de Arte Moderna de Salvador. Nessas andanças pelo país, Eila vai recolhendo novas impresões sobre os tipos e as paisagens brasileiras, e assim enriquecendo o seu acervo de temas.
E quanto mais mergulhava na exploração dos motivos tropicais, maior o sucesso de suas tapeçarias, testemunhado pela quantidade delas que se encontram em prédios públicos e empresas, nas revistas de decoração e nas residências elegantes, e nos cenários das telenovelas. As exposições também continuam em alta, com mais três em 68, no MAN-Rio (em comemoração aos 50 anos de independência da Finlância), na Galeria Montmartre Jorge no Rio e Wenner Gren Center, em Estocolmo, Suécia, a sua primeira internacional.
Em 69 faz apenas uma individual na Galeria Portal, em São Paulo, mas esse relativo descanso é compensado por nada menos do que seis exposições em 1970, das quais cinco individuais em Resende, Rio, São Paulo e Ceará, e uma coletiva no pavilhão do Brasil da Expo-70, em Osaka, no Japão. De tão forte identificação com o Brasil são suas imagens que é convidada em 71 a participar da exposição itinerante Brasil Convida, sob o patrocínio do Itamarati e da Varig.
Nos 20 anos seguintes, até o início da década de 90, Eila manteve uma intensa atividade, com exposições pelo Brasil – principalmente no Rio, São Paulo, Brasília, Bahia, Ceará, Minas e Paraná. No exterior, expôs três vezes na Finlândia e no Springville Museum of Art, em Utah, Estados Unidos.
Inquieta, Eila se modernizou, e até há pouco tempo criava e definia as cores de suas novas tapeçarias num computador, que aprendeu a manusear já com mais de 80 anos de idade.
Entre as muitas histórias que a artista tinha para contar, e que foram colocadas num livro autobiográfico, está a de um episódio ocorrido em 1980, quando o Brasil era presidido pelo general João Batista de Oliveira Figueiredo, conhecido pela sua admiração por cavalos. Eila assistiu, em Resende, a um desfile do célebre regimento a cavalo Dragões da Independência. Fez então uma tapeçaria com um dos soldados, o “dragão”, montado e uma bandeira. O trabalho agradou e foi solicitado um maior, para decorar o regimento em Brasília. Eila fez então uma tapeçaria com com nove cavalos, nove homens e as nove bandeiras históricas do País.
O resultado estimulou o presidente Figueiredo a convidar a artista para almoçar. Pensando que beber o mesmo número de caipirinhas do chefe da nação seria educado, Eila ficou bêbada na ocasião e disse que adorava montar. Foi então convidada pelo presidente para visitar a Granja do Torto, onde passou o maior vexame, pois só conseguiu subir no menor dos cavalos, e mesmo assim amparada por dois soldados.
O resultado estimulou o presidente Figueiredo a convidar a artista para almoçar. Pensando que beber o mesmo número de caipirinhas do chefe da nação seria educado, Eila ficou bêbada na ocasião e disse que adorava montar. Foi então convidada pelo presidente para visitar a Granja do Torto, onde passou o maior vexame, pois só conseguiu subir no menor dos cavalos, e mesmo assim amparada por dois soldados.
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