A Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio, multou em R$ 33 milhões a empresa Servatis, sediada em Resende, e que foi responsável pelo derramamento, na madrugada da terça-feira passada, de pelo menos oito mil litros do inseticida Endosulfan 350 no Rio Pirapetinga, afluente do Rio Paraíba da Sul, e que matou milhares de peixes (inclusive de algumas espécies em extinção), além de capivaras e jacarés, e obrigou pelo menos sete municípios da região a interromper a captação de água para a população.
A Servatis terá 15 dias para recorrer da decisão, e sua assessoria de comunicação disse que a empresa só irá se pronunciar após ser notificada oficialmente, mas alegou que por causa do valor da multa ela poderá fechar as portas, deixando cerca de 650 funcionários sem emprego, dos quais apenas 175 continuam trabalhando e os demais em casa – a Servatis é uma sociedade anônima de capital fechado, onde os sócios são os empregados da fábrica que a Basf mantinha no mesmo local, e que usaram as rescisões dos contratos mais um financiamento do BNDES para comprar a empresa em 2005. Não foi a primeira vez que a Servatis provocou prejuízos e danos ao meio ambiente, já que há cerca de três anos a empresa também foi responsável pelo vazamento do gás inseticida Dimetutato.
Nesta quinta-feira haverá debate no plenário da Câmara Municipal de Resende às 19 horas para discutir o problema. O vereador Fernando Menandro (PV) convocou, por meio da comissão legislativa de meio ambiente, o presidente da Agência do Meio Ambiente de Resende (Amar), o representante da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e o diretor da fábrica Servatis para prestarem esclarecimentos, principalmente sobre os riscos à saúde que a população ainda pode estar exposta, e também sobre as medidas punitivas, preventivas e fiscalizadoras adotadas pelos órgãos ambientais do governo.
No final da tarde de segunda-feira o presidente da Servatis, Ulrich Meyer, esteve na Prefeitura de Resende com o prefeito Silvio de Carvalho e com procuradores jurídicos do município, além do presidente da Amar, Luís Felipe César, do secretário de saúde José Maciel, e do vereador Fernando Menandro. Meyer, ainda sem saber do valor da multa, garantiu que a empresa deverá atender todas as exigências dos órgãos ambientais, e o prefeito cobrou como sendo falha da empresa não ter informado o acidente com rapidez e não possuir uma obra de contenção para evitar que o vazamento chegasse ao Rio Paraíba e causasse o problema ambiental.
2 comentários:
Todos temos conhecimento dos efeitos causados por esse produto. Sabemos que a empresa causou danos que poderiam ser evitados. É uma empresa com uma gestão nova, e seus diretores são experientes no ramo de produção, mas precisariam ser lapidados quanto a determinados pontos, como o planejamento de riscos. Acredito que nesse ponto o Estado deixe muito a desejar, por não atentar para esses fatos, na condição de prestar assessoria a esses tipos de formações de S.A. Vemos todos os dias publicações estatísticas de empresas que abrem falência em determinado tempo de vida. Acredito que seja hora de adotar algumas medidas neoliberais, no sentido de proteger as atividades rentáveis em potencial exercidas em solo brasileiro. Acredito que medidas protencionistas deveriam ser adotadas nesses casos.
Caro Rui: estou reproduzindo no meu blog (http://norrivalduarte.blogspot.com) esta sua matéria esclarecedora sobre a denúncia contra a Servartis, que considero um crime ambiental de grande magnitude e que precisa ser muito bem monitorado pelos órgãos competentes, não apenas para descobrir quem foi o meliante, mas enquadrá-lo nos conformes da lei para que outros fatos semelhantes deixem de se repetir. Abraços papagoiabenses.
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