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29 de março de 2008

MORADORES RECLAMAM DA FALTA DE AJUDA DAS AUTORIDADES DEPOIS DA ENCHENTE

Continua sério o problema causado pela enchente ocorrida em Itatiaia no domingo (23 de março), a segunda em pouco mais de dois meses. Com dezenas de residências afetadas pelo desastre – pelo menos onze casas estão condenadas pela Defesa Civil, por estarem próximas a locais com risco de desmoronamento – os moradores reclamam da falta de ajuda das autoridades, e culpam o governo por não estar tomando providências para o desassoreamento do rio Santo Antônio, que está imundo.
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Máquinas da prefeitura retiraram as pedras e terra depois que um muro de arrimo foi destruído pela tempestade na Vila Esperança

O rio Santo Antonio, que transbordou, está sujo e assoreado, e os moradores dizem que o culpado é o governo
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Cinco bairros foram atingidos pela enchente, mas os problemas mais sérios estão na Vila Esperança e na Vila Martins, a primeira por causa dos desmoronamentos de terra, que colocam casas em risco, e a segunda por causa da água ter atingido mais de um metro e meio de altura, com forte correnteza. No Centro os problemas mais sérios foram do comércio, que perderam produtos, móveis e máquinas, em prejuízos calculados em até R$ 50 mil por cada empresário.
Na Vila Martins, dois filhos de José Martins, que dá nome ao bairro e à rua mais atingida, criticaram o governo pela falta de providências e apoio às vítimas. Rogério Martins de Oliveira diz que nunca antes tinha visto enchentes como essas, que causaram bastante destruição.
– “Não poderia ser diferente, pois o rio que passa aqui atrás e que transbordou está uma sujeira só, cheio de galhos, restos de obras e mato, e ninguém da prefeitura está fazendo nada para resolver esse problema”, criticou.
Sua irmã, Eloysa Martins de Oliveira, perdeu tudo e teve que abandonar a casa, que ainda está suja e cheia de lama, com as portas empenadas e que não fecham mais, e os tacos soltos – “gostaria de ir embora, até de Itatiaia, porque estou sem ânimo com essa cidade, que tem muitos problemas”, diz ela, contando que saiu com a filha assim que a água começou a subir, segurando no muro da rua, para não serem arrastadas pela correnteza, e foram alojadas no segundo andar da casa vizinha.
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Rogério Martins (esquerda) diz que não poderia ter sido diferente, pois o rio está imundo, e sua irmã, Eloysa (direita) mostra a altura que chegou a água na casa que teve que abandonar
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Na mesma rua, um pouco antes, mora o casal Cleide e João Canuto, numa casa construída abaixo do nível da rua. Nos fundos, onde passa o rio, o muro foi derrubado pela força da correnteza. O quintal tem lama por todos os lados. Um cachorro adoeceu depois da inundação, e permanece deitado. Cleide conta que a água subiu rápido, e eles não conseguiram erguer tudo, e os móveis de compensado, como o guarda-roupa, estão desmanchando. Mostra as paredes, bastante molhadas e descascando, e com um início de bolor. A prefeitura paga o aluguel da casa, onde o casal mora há dois anos, com quatro filhos e dois netos, desde que a residência anterior, no bairro Niterói, foi interditada por causa de outra inundação – “perdemos tudo agora, até o que ganhamos depois da outra enchente, e nem a cesta básica prometida pelo pessoal da prefeitura chegou”, contou, desolada.
Na Vila Esperança, um bairro com casas nas encostas de vários morros, uma residência simples de dois andares, onde moram duas famílias, tem nos fundos um morro de mais ou menos dez metros de altura que está desmoronando. Da casa se avista, no alto do morro, o muro de uma outra casa, que fica já em outro bairro, a Vila Magnólia, que está com uma grande parte suspensa no ar, quase caindo. Os moradores do segundo andar da casa, Roseani e Fábio Henrique da Silveira, contam que a água desceu do morro “igual a uma cachoeira”, e estão com medo, porque têm um filho pequeno. Edmilson Sampaio, que mora na parte de baixo com a esposa Marly conta que a ajuda da prefeitura, que interditou a casa, foi eles irem para a creche da Vila Esperança, o que não foi aceito por eles.
– “A gente ia ficar jogado lá, e não se sabe até quando, e para não se resolver nada, pois até a cesta básica prometida não chegou, quase uma semana depois”, diz.
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Fábio Silveira continua na casa interditada, que tem no quintal um morro desmoronando. À direita, queda de barreira coloca em risco a estrada da Vila Esperança
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Na Câmara os vereadores fizeram apenas mais pedidos para limpeza dos bueiros e da “sujeira espalhada pelas ruas”, e pediram isenção da taxa de alvará para os comerciantes atingidos pela enchente, que não teve resposta da prefeitura até o momento. Mostraram que “desde 2005” solicitam permissão e ajuda da Serla, o órgão estadual responsável pelos rios e lagoas, para o desassoreamento do Santo Antonio, e afirmaram que a prefeitura, “sozinha, não tem como fazer a obra”.
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Câmara aprova "moção de repúdio" a jornalista
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De concreto até agora os vereadores só aprovaram uma “moção de repúdio” ao jornalista Rui Camejo, do jornal DIÁRIO DO VALE, acusando-o de ser “mentiroso” e de “fazer fofoquinhas”, por acharem que foram publicados exageros sobre a enchente. A "moção" foi pedida por Jarbas Junior Lemos dos Santos (PMDB) e teve o aval de Vitor Márcio Alves Tavares (PPS), Wanderley Dias dos Santos (Pastinha Azul) e José Fernando de Faria (Penepão), ambos do PSDB. No final da sessão, a pauta irritou alguns moradores da Vila Martins, que assistiram tudo, e até xingaram os vereadores, dizendo que enquanto as pessoas sofriam por ter perdido tudo na enchente, e não tinham nem o que comer e onde dormir, eles se preocupavam e discutiam “coisas bobas, sem importância”, e não estavam fazendo nada para ajudar.
– “O povo é muito trouxa de ficar quieto, esse pessoal só é amigo e procura a gente na hora de pedir votos”, esbravejou Camila de Oliveira, que contou ter perdido quase tudo na sua casa.
A secretária municipal de assistência social, Laura Rezende Alves, diz que o governo já distribuiu 49 cestas básicas para as vítimas das enchentes, e que já concluiu o cadastro das 50 pessoas que ganharão as casas populares que serão construídas com verba do PAC na Nova Conquista, e que deverão ficar prontas até o final deste ano. Segundo ela a prefeitura vai alugar residências para atender as famílias das onze casas interditadas, até o valor individual de R$ 200,00 mensais. Outras ajudas estão chegando à secretaria, como a dos funcionários da Michelin, com diversas sacolas com vestimentas e roupas de cama.
– “Essa ajuda chegou agora para atender as vítimas da primeira enchente, mas vai nos ajudar nesse problema agora”, diz. Laura conta que conseguiu a creche da Vila Esperança, uma instituição não governamental, para abrigar as pessoas que tiveram suas casas interditadas, e sugeriu que as pessoas levassem alguns móveis, como cama, fogão e geladeira, e fala que entende as agressões das vítimas, porque “com o impacto, a tendência natural das pessoas é a revolta, e querem achar um culpado”, mas que todos têm que entender que ela tem limitações, até legais, e que está fazendo o que pode.
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A secretária Laura Rezende mostra a ajuda dos funcionários da Michelin, e diz que está fazendo o que pode para ajudar as vítimas

6 comentários:

Anônimo disse...

Rui, como leitora e jornalista, venho apresentar minha solidariedade diante da "moção de repúdio" apresentada na Câmara Municipal de Itatiaia contra você. Espero que a população do município saiba dar resposta à altura do seu brilhante trabalho em benefício da comunidade, e retribua repudiando esses vereadores na hora do voto.

Anônimo disse...

Esses vereadores demonstram sempre só querer nota em coluna social, pois sempre reprovam qualquer crítica. Com tanta coisa para fazer em Itatiaia, eles, que quase não aparecem para trabalhar, ainda ficam perdendo tempo com essas baboseiras. Acho que o jornalista ainda escreve pouco desses caras. Aliás, é só ver a enquete aqui do lado para saber o que as pessoas estão pensando deles.

Anônimo disse...

Monção de repúdio dos vereadores ao jornalista Rui. Eu acho um absurdo os vereadores pensarem desta forma de um veículo de informação, uma vez que circula no município um jornal falando os maiores absurdos, tentando enganar o povo com inaugurações de asfalto, uma vez que a saúde, o trabalho e a educação estão jogados às traças. Agora pergunto se eles têm coragem de pedir ao prefeito um balanço do dinheiro que entrou nos cofres públicos nos últimos três anos - que sabemos são milhões - e mostrar o valor das obras que foram feitas, descontando isto do arrecadado, e veremos se eles estão certos. Isto sim seria ser verdadeiro.

Anônimo disse...

Primeiramente quero parabenizá-lo pelo excelente trabalho. Itatiaia necessita de pessoas como você, que mostra a verdade. Em segundo lugar, quero dizer que lugar de vereador é na rua, conversando com o povo para saber as suas reinvidicações e lutar por melhorias na cidade. Suas matérias são excelentes e incomodam esses políticos oportunistas. Vereador em Itatiaia não sabe legislar e nem receber críticas de forma construtiva. Vamos mostrar a nossa força em outubro por uma mudança radical em nossa Câmara e no Executivo.

Anônimo disse...

Estranho ler na reportagem que esta sendo providenciado somente agora a entrega de doações, recebidas para atender pessoas da enchente ocorrida há mais de um mês. Ou seja, parece que até para entregar uma doação feita por pessoas solidárias é complicado, tem limitações!!!!
Fala-se na construção de casas até o final do ano. E as casas inacabadas da Vila Maia? Que absurdo!!!!! e o povo que espere por mais um "PROJETO". Que aliás vem no momento certo: ANO ELEITORAL... Quanto aos vereadores, infelizmente (para nós), não merecem sequer um pequeno comentário. Quanto à MOÇÃO DE REPÚDIO, desculpe, mas que ótimo, pois se fosse de aplausos, você não estaria fazendo bem o seu trabalho, que é mostrar a verdade, sobre os fatos que ocorrem em nossa cidade, sendo compreensível esta moção, já que Itatiaia, pela preocupação e aparência dos nobres edis, não precisa da nada, nem de leis, nem de projetos, etc, NÃO TEM ENCHENTE, NÃO ESTÁ SE TORNANDO UMA CIDADE DORMITÓRIO, NOS ÚLTIMOS ANOS VÁRIAS INDÚSTRIAS SE INSTALARAM NO MUNICÍPIO, ETC. Desculpe a ironia, mas francamente, não dá para não ironizar diante de tanto desmando.

Anônimo disse...

Prezado jornalista. Ser repudiado por essa turma indica a excelência do seu trabalho. Pior seria receber elogio de gente safada. Os eleitores de Itatiaia deviam teclar zero para vereador, ou seja, não votar em nenhum desses malandros; esvaziar a Câmara por quatro anos seria bom para o povo e grande economia para o município. O povo perceberia que vereador não faz falta alguma. O prefeito eleito e seu secretariado teriam chance de realizar um ótimo trabalho sem ser atrapalhado por esses vereadores que só pensam em mordomias e negociatas.