Não existem informações concretas sobre o que pode ter acontecido com a estação modular de tratamento de água comprada pela Prefeitura de Itatiaia em 2003. O que se sabe é que o governo não conseguiu trazer o equipamento de 30 toneladas para Itatiaia, como quer o prefeito Jair Alexandre Gonçalves (PSDB). Uma das informações é que o fabricante, de Congonhas do Campo, Minas Gerais, teria falido, e a prefeitura não estaria localizando a estação; outra, mais recente, é que a empresa estaria pedindo na Justiça mais um reajuste do valor do contrato, por ter tido que guardar o equipamento por tanto tempo. O governo não fala do assunto, e há mais de um mês tento obter informações, sem sucesso, inclusive sobre o processo na Justiça que alguns secretários municipais imaginam existir, e que a procuradoria jurídica da prefeitura não informa o número. Os telefones do fabricante da estação também não estão respondendo.
Em agosto de 2003, no governo do ex-prefeito Almir Dumay Lima (PMDB), a prefeitura comprou uma estação de tratamento de água com verba enviada pela Funasa, do Ministério da Saúde. O equipamento custou, na época, R$ 626.857,22, que foi parcelado em cinco prestações, sendo a primeira, de R$ 188 mil, paga no ato da assinatura do contrato com o fabricante, a Engenharia Mecânica e Estruturas Metálicas S/A. Como o governo só recentemente conseguiu as licenças ambientais para instalar o equipamento em Itatiaia, emitidas pela Serla, Ibama e Feema, a estação acabou não vindo para o município na época, como previsto no contrato. Vários secretários do governo dizem que só conhecem o equipamento por fotos em prospectos do fabricante. Em julho de 2005 conversei por telefone com o diretor comercial da empresa, Oswaldo Fernandes, em Belo Horizonte, que explicou que a estação teria ficado pronta em 120 dias, como previsto, e estava no pátio a espera da transferência para Itatiaia desde dezembro de 2003, mas que até aquele momento não tinha recebido nenhuma outra prestação. A Prefeitura de Itatiaia garante que hoje o equipamento já está pago, inclusive o acréscimo de R$ 216 mil cobrados a mais pelo fabricante, pelo tempo de estocagem.
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Em agosto passado o prefeito Jair Alexandre pediu para trazer a estação para Itatiaia, e deixá-la no pátio ao lado do prédio da prefeitura. A partir daí, então, a história ficou confusa, já que o governo não deu mais informações sobre o porquê do equipamento não ter vindo para o município, e o que teria acontecido com ele. O assessor jurídico da prefeitura, Carlos Antônio Teixeira Serra, contatado por meio da assessoria de comunicação, não falou nada a respeito até agora, nem informou se existe mesmo e qual é o número do processo na Justiça que discute a questão. O processo também não foi localizado no Fórum de Itatiaia, e o secretário de governo Altamir Bossan respondeu que ainda não conseguiu falar com o assessor jurídico.
A estação de tratamento de água comprada pela prefeitura quase já não atende mais às necessidades do município, pois tem capacidade para até 22.500 pessoas. Construída em módulos de aço, mede dez por doze e meio, com altura de 3,6 metros. O tratamento da água é feito em três etapas, com a floculação hidráulica, a decantação lamelar e a filtração em filtros retro laváveis, de acordo com informações do fabricante. Transportá-la até o local onde irá ficar, no ponto de captação de água no Último Adeus, será um outro problema, de acordo com o secretário de meio ambiente, o engenheiro Valter Lúcio da Silva. Segundo ele não foi prevista a existência de várias pequenas pontes até o local, várias delas velhas e de madeira, e que não agüentarão o peso do caminhão e das 30 toneladas do equipamento, além da estrada de acesso ser de terra e de mão dupla, com subidas e trechos estreitos – “vai ser uma operação de guerra, que precisa ser bem estudada”, calcula.
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3 comentários:
Seria uma ótima piada se não fosse trágico para nós, itatiaienses. Primeiro se faz a compra de um equipamento sem se fazer qualquer planejamento para se saber se o mesmo supriria nossas necessidades, sem se levantar as dificuldades de instalação, sem se obter licença ambiental; depois o esquecem no pátio do fabricante. Se não bastasse, tal compra foi feita com nosso impostos. Só parodeando o jornalista Boris Casoy: "Isto é uma vergonha!"
Incompetência? Corrupção? O importante era comprar visando as costumeiras comissões? Sem planejamento, sem estudo de viabilidade, a compra foi no escuro. O objeto da compra não foi entregue. O valor foi pago (pelo menos parcialmente). Há forte indício de improbidade administrativa e de administração ruinosa.
Enquanto isso somos obrigados a comprar garrafões de água mineral para poder manter nossos filhos com saúde, pois tem dia que a água está barrenta, suja, principalmente depois de uma chuva. Dizem que a água de boa qualidade. Talvez. Mas ainda me lembro da gastrenterite que levou centenas de pessoas para os hospitais há pouco tempo. E se o equipamento não for mais encontrado, quem irá reembolsar o patrimônio público?
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