Um grupo de mulheres de Itatiaia tem se reunido periodicamente para debater e propor projetos para a melhoria das condições de vida e de convívio social no município, sob a óptica feminina. A quarta reunião acontecerá neste sábado, dia 7 de junho, às 14 horas, na Ong Alecrim, na Rua 10 do bairro Jardim Itatiaia. Denominado “Encontro das Mulheres para o Desenvolvimento de Políticas Públicas”, o projeto é coordenado pela psicóloga Gilda Molica e por Maria Tereza Mehr, e tem reunido líderes comunitárias e de entidades de classe, mães e donas de casa de várias localidades do município. No encontro deste sábado é esperado um número maior de participantes, já que o grupo está crescendo, tendo registrado 23 pessoas na primeira reunião e o dobro na última.
A iniciativa do encontro partiu da psicóloga Gilda Molica, que numa reunião com o pré-candidato à prefeitura pelo PP, Luiz Carlos Ypê, defendeu uma maior participação das mulheres na administração pública, e se ofereceu para formar um grupo feminino para discutir as várias questões que incomodam a todas, como o meio-ambiente, transporte, educação, saúde, violência, apoio a idosos e a portadores de necessidades especiais e infra-estrutura urbana; e propor caminhos para minimizar ou solucionar os problemas. Em cada reunião é apresentada uma pauta de discussões, estatísticas e orientações sobre as questões pesquisadas, e depois todas se manifestam propondo soluções a curto, médio e longo prazos. Na metodologia de trabalho do grupo, está definido que depois do diagnóstico da situação atual, da definição das prioridades e da preparação de um plano de desenvolvimento estratégico, todos os estudos e conclusões serão apresentados num Fórum de Desenvolvimento Local. Está previsto ainda a participação de convidados e especialistas de outros municípios, que tenham implementados casos de sucesso das questões abordadas em Itatiaia.
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Entre os assuntos levantados até agora, e que estão bastante diversificados, aparecem desde os problemas do comércio local à remodelação das fachadas das casas e lojas, passando pela falta de arborização e paisagismo na cidade e pelos problemas encontrados na rede pública de educação e saúde, até a questão da geração de renda, já que, segundo as discussões, um grande número de costureiras, cozinheiras e outras mulheres com diversas habilidades, como tricô, crochê e artesanato, não estão tendo seus serviços utilizados, nem mesmo pelo poder público, que tem preferido fazer compras de produtos que elas poderiam produzir sem dificuldade no município em outras cidades. O turismo tem sido muito discutido, e está sendo considerado como alavanca do desenvolvimento local. Quanto ao comércio, definido por elas como bem mais caro do que em outras cidades, como a vizinha Resende, as mulheres discutem uma forma de o governo incentivar e fiscalizar para evitar abusos, e também de se encontrar uma forma da prefeitura dar preferência ao comércio local para compras de produtos para a merenda e uniforme escolares, entre outras, e que segundo as participantes do encontro, o governo atual tem feito fora do município. Outra questão levantada é que os próprios comerciantes não fazem suas compras no comércio local, como os hoteleiros, que têm comprado fora. Empresárias presentes ao encontro explicaram que atualmente a cidade não está conseguindo oferecer preço e quantidade dos produtos que eles precisam no momento da compra, e mostraram que se isso for mudado, é claro que seria mais fácil e cômodo para todos comprarem na própria cidade.
Gilda Molica diz que é muito significativo o trabalho que está sendo realizado pelo grupo de mulheres, e que representa um início de uma nova mentalidade de políticas públicas a partir da visão feminina. A psicóloga também enfatizou nos encontros a necessidade do governo municipal aproveitar melhor as verbas públicas federais, que acabam tendo que ser devolvidas por falta de projetos – “Percebo que há uma falta de qualificação de quem está no poder, já que no município de Piraí, por exemplo, se consegue ter 100% de aproveitamento do uso das verbas federais, enquanto em nosso município este número é muito baixo”, diz.
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8 comentários:
Essas reuniões, apesar dos bons objetivos anunciados, ocultam o verdadeiro objetivo: fazer propaganda eleitoral em favor de Luiz Carlos Ypê, fora do período legalmente permitido. São anunciadas na imprensa sempre com o nome do pré-candidato. O movimento manifestou-se publicamente agora, no ano eleitoral, revelando oportunismo eleitoreiro. Segundo informações, aquelas senhoras estão vinculadas, direta ou indiretamente, aos partidos que apóiam aquela pré-candidatura.
Respeito, mas não concordo com a opinião do Sr. Antonio Sebastião. Temos um governo que ignora grupos, associações de classe e quaisquer manifestações populares, por isso sempre vai ter alguém achando que essas reuniões são eleitoreiras, pois são incomuns. A prepotencia do governo de Itatiaia não admite opiniões contraditórias. Quanto ao fato de estarmos próximo das eleições, acho que isso é um motivador para tais encontros, que são feitos em locais fechados e sem conotação partidária. O prefeito deveria ter tomado essa iniciativa antes, de ouvir mulheres, homens e todos os cidadãos, e sair dessa defensiva prepotente e presunçosa de achar que tudo sabe.
A divergência de opiniões é própria da democracia. Associações de moradores e de outros tipos para fins lícitos também fazem parte da prática democrática. O que não faz parte é utilizá-las como subterfúgio para contornar a lei eleitoral, alardeando suas atividades pela imprensa e citando sempre o nome de um aspirante à candidatura ao cargo de prefeito municipal.
O cidadão que critica o encontro de mulheres da reportagem demonstra não conhecer as pessoas envolvidas, e deveria, primeiro, procurar saber quem são essas mulheres, e só depois fazer algum comentário, pois todas elas são conhecidas, cidadãs de luta, líderes nas suas comunidades há muito tempo, criadoras de instituições e que contribuem para o seu povo, muitas vezes voluntariamente, como cidadãs de grande valor moral que são. Essas mulheres deveriam ser reconhecidas por suas obras, pelos seus esforços por um município melhor e mais justo, e não criticadas apenas por criticar. Ouvir as comunidades e os grupos sociais, dar às mulheres o direito de serem ouvidas e apoiar para que suas necessidades sejam atendidas não pertence a nenhum partido político, nem a uma única pessoa, mas sim a todos aqueles que querem uma cidade mais justa e mais humana, onde o povo seja atendido naquilo que é o seu direito. Reconhecer os erros enobrece, e avaliar antes de julgar é coisa de homens inteligentes. Conhecer os caminhos por onde andamos é o primeiro passo para não cometermos injustiças.
A inteligência é apanágio dos seres vivos; a inteligência emocional, dos seres humanos; a inteligência racional, das pessoas saudáveis, capazes de elaborar proposições e reuni-las em argumentações de modo coerente. A capacidade de raciocínio varia de pessoa para pessoa. Assim, também, o entendimento. Às vezes basta um entendimento mediano para compreender as coisas. Camuflagem de propaganda eleitoral é uma dessas coisas que podem ser percebidas e compreendidas por uma inteligência mediana. À sombra de entidades comunitárias de nobres objetivos, agem militantes de partidos políticos. O aparelhamento político-partidário dessas entidades é fato de conhecimento nacional. O nome de aspirante ao cargo de prefeito (Luiz Carlos Ypê) publicado em matéria de entidade filantrópica, em ano eleitoral, tipifica o subterfúgio. A percepção disso independe do reconhecimento da luta das mulheres por melhores dias. Para o reconhecimento dessa luta, o cidadão não necessita conhecer pessoalmente as mulheres briosas e valentes da instituição, assim como não foi necessário conhecer pessoalmente Martin Luther King para lhe reconhecer os méritos. A burla à lei eleitoral consiste no fato de aquele aspirante a candidato constar da publicidade da instituição. No jornal Tribuna dos Municípios, a matéria consta como publicidade paga (em fundo escuro). A instituição deve estar bem de caixa, para gastar dinheiro em publicidade (salvo se a despesa foi paga, direta ou indiretamente, pelo futuro candidato). Inegável, também, que algumas valorosas mulheres que constam da foto e da publicidade, são militantes de partido que apóia a candidatura de Luiz Carlos Ypê. Esconder o sol com peneira é muito difícil, mesmo ao cidadão de superior inteligência.
Eleitoreiras ou não, o importante é que os participantes de qualquer reunião que discute o futuro de uma coletividade tem seu valor, na medida que conscientiza o grupo para se esforçar e mudar a triste situação que vive nosso povo, e fazendo com que se cobre das autoridades mais seriedade e competência com a coisa pública.
Estimada Gilda Molica. Há quanto tempo perdemos contato! Estou muito feliz em tê-la encontrado, via internet, e ver que você continua prestando serviços à comunidade, esse que sempre foi seu objetivo na vida. O que seria do nosso querido Brasil se existissem mais e mais Gildas como você, sempre preocupada com o bem estar dos menos favorecidos. Grande abraço, saudades.
Caro Rui, em primeiro lugar quero agradecer-lhe por este artigo e pela porta que ele abriu para uma discussão tão enriquecedora. Alegro-me, que desta vez, com seu apoio, o trabalho que venho desenvolvendo desde 1996, em Itatiaia, tenha ganho publicidade e evocado discussões tão importantes. Vivemos, graças a Deus, um momento histórico, em que todos, indiscriminadamente, podem expressar seu pensamento, com liberdade. É nesta democracia que eu acredito e é por ela que me oriento. A título de informação, a ONG Alecrim, que existe desde 1997, antes mesmo de se formalizar como entidade, vem trabalhando questões de saúde, que contempla desde a problemática do saneamento básico até hábitos alimentares e estilos de vida. Ao longo de mais de dez anos de trabalho em Itatiaia, muitas das nossas iniciativas defrontaram com a falta de interesse por parte do governo. Em 2000, promovemos um encontro sobre Cultura da Saúde, com assessoria especializada, onde reunimos lideranças de diversos estados brasileiros. Na época, solicitamos a presença dos gestores públicos para inserir-se na discussão, uma vez que se tratava de políticas públicas. Infelizmente, por seus motivos, não pudemos contar com a presença de nenhum representante. Resumidamente, em 2004, como foi do conhecimento de todos, promovemos um encontro com o Professor Moretti, Decano da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, para implantar uma política pública de Alimentação Saudável no Município. Até hoje não tivemos ressonância. No final de 2005 iniciamos uma série de encontros com a comunidade para avaliar nossa realidade e elaborar uma nova estratégia de ação a fim de aproveitar o potencial turístico de Itatiaia para promover seu desenvolvimento sustentável. Nestes encontros fizemos um amplo diagnóstico sobre nossos pontos francos, pontos fortes e nossas possibilidades. Vários projetos foram desenhados para serem implantados a curto, médio e longo prazo. Em vista da busca de parceria para iniciar um processo de realização deste Macro-Projeto, contatamos a Prefeitura e o Banco do Brasil. Fizemos oito reuniões com estas Instituições. Não encontramos eco, porém foi um processo importante para nós, sim, porque fortaleceu a discussão e a busca de experiências de sucesso em outros municípios brasileiros e estrangeiros. Com isso fomos adquirindo um enorme grau de consciência e percebemos que o desenvolvimento sustentável parte da participação da sociedade civil na tomada de decisões sobre assuntos de interesse público. Basicamente trabalhar com as mulheres sobre a construção de políticas públicas para o município é uma decorrência deste aprendizado e a abertura de uma nova frente para continuar nossa luta por um futuro melhor para Itatiaia, seja quem for o Prefeito eleito. Atuar para propor políticas públicas a partir da base é legítimo para todos e em qualquer momento. E, eu, como mulher, me empenho, para fortalecer este processo, não só aqui, mas também na mesorregião Sul Fluminense.
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