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12 de dezembro de 2008

Jair Alexandre diz que não há irregularidades em secretaria, mas não entrega documentos

Quase oito meses depois da Corregedoria Geral da União (CGU) divulgar um relatório que aponta para o possível descumprimento de dispositivos legais e contratuais na Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social de Itatiaia, e também mau uso do dinheiro público, a prefeitura decidiu agora responder às questões, a poucos dias do final do mandato. A nota, entretanto, que procura responder questões levantadas em reportagem postada neste blog, não veio acompanhada de documento oficial, e apenas desmente as irregularidades apontadas pelo governo federal e nega o que já foi confirmado pela própria titular da secretaria e pela ex-presidenta do conselho de ação social. O governo também não autorizou o acesso à ata da última reunião do conselho, que teria discutido as irregularidades. A nova secretária da pasta, Regina Fialho (foto), disse que está preocupada, até porque o governo não lhe entregou os documentos ainda, e que já pediu a Luis Carlos Ypê uma auditoria na secretaria para o início do ano, e alertou para a possibilidade de algumas verbas federais serem cortadas para Itatiaia ainda este mês.
A ex-presidenta do Conselho Municipal de Ação Social, Zilma Rosa Cândida de Faria, afirmou em entrevista, tendo a seu lado a secretária municipal de assistência social, Marlene Barros de Carvalho – que não a desmentiu –, que o conselho foi dissolvido no dia 10 de novembro, porque uma avaliação jurídica teria mostrado que seus membros já tinham prorrogado uma vez o mandato, e o governo não tinha realizado outra eleição. O prefeito Jair Alexandre (PSDB) mostrou, agora, que houve “uma confusão e um engano na consulta do decreto 1.499, de 10 de novembro de 2006, que nomeou os membros para o mandato de dois anos, de acordo com a lei 254/99”. O que aconteceu, segundo ele, “é que não houve prorrogação do mandato dos membros em 2006, e sim, uma nova composição do conselho, com a permanência de alguns nomes e a indicação de outros novos”, e portanto, o atual conselho “pode ser prorrogado por igual período”, e que os próprios conselheiros devem escolher o novo presidente, assim como também decidir a substituição de algum membro.
Quanto às denúncias feitas pela CGU, o prefeito disse que “as irregularidades apontadas não significam improbidades administrativas, mas caracterizam apenas procedimentos administrativos que foram sanados de imediato”. Entre várias outras coisas, a CGU mostrou que a secretaria de assistência social teria feito compras que não são permitidas pelos programas, como 300 camisas para o projeto “Dançar não tem idade”, no valor de R$ 3,6 mil, e 40 camisas para os funcionários da pasta. Jair Alexandre disse que “a aquisição de camisetas apontadas como irregularidades ocorreu por erro de digitação, e o pagamento foi efetuado em outro programa”, e que esse erro já foi corrigido pela secretaria de finanças, que fez “a devolução dos valores, pagando pelo programa correto”. O prefeito também assumiu que a prefeitura devolveu aos respectivos programas o dinheiro do pagamento de abono feito indevidamente aos servidores dos programas de assistência social, também denunciado pela CGU, e confirmou o atraso, “por duas vezes”, das bolsas do Agente Jovem, explicando que essa demora ocorreu porque “alguns jovens vinham faltando frequentemente”, e que o pagamento teria sido suspenso para “correção da falha”. A CGU mostrou que a prefeitura recebeu pontual e mensalmente os repasses.
Com relação aos casos levantados recentemente pelos fiscais do bolsa-família, de que vários beneficiários cadastrados pela prefeitura viviam em chácara e em casas grandes e confortáveis e tinham até televisão de 32 polegadas, e que outros nem moravam no município, Jair Alexandre disse que “foram constatados que estes usuários moravam em cômodos cedidos, e que nenhum deles era dono dos referidos imóveis”, e que os benefícios dos que não residiam no município “já estavam bloqueados”. Segundo o prefeito, 846 famílias recebem o bolsa-família no município, e Regina Fialho disse que esse número já é um problema, pois Itatiaia teria direito a mais de dois mil benefícios e menos da metade das pessoas necessitadas está sendo beneficiada.
Jair Alexandre mostrou ainda, na nota distribuída à imprensa, que os auditores atenderam a solicitação do secretário Samuel Grijó, e “passaram diversas informações sobre a utilização dos recursos, inclusive sobre o recolhimento do INSS dos servidores dos programas sociais, que vinha sendo feito com recursos do município”, e agora está sendo feito com recursos do próprio programa. O prefeito falou que “alguns órgãos continuam solicitando as mesmas informações já repassadas”, e que também estão cobrando uma atuação mais efetiva do Conselho Municipal de Assistência Social.
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Veja a reportagem deste blog que motivou a nota da prefeitura.

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